Acredite nesta afirmação! Tu e eu já estamos com um pé no céu. Celebrando hoje o Domingo da Ascensão, a Igreja nos leva a contemplar em Cristo o nosso triunfo lá no céu. É fundamental conhecermos a Cristo para que saibamos a esperança que seu chamado nos dá, descobre-nos as riquezas da glória que está na herança dos santos e o imenso poder que exerceu em favor dos que crêem. Essa riqueza não é algo a buscar no futuro, mas a viver já aqui hoje e agora, na sagrada liturgia na qual estamos com Ele, o Sumo Sacerdote, glorificando o Pai. Seria tão bom se pudéssemos celebrar com intensidade, não apegados a ritos, mas ao mistério que nos é revelado em cada celebração.
Em cada uma delas as portas do Céu, no qual entramos com Cristo glorificado se abrem. Com o Espírito que nos é dado, podemos nos alegrar com o Pai que vê seu Filho voltando, com os filhos que adotou.
E nesta incontável alegria, Jesus nos encarrega a missão: Ide pelo mundo inteiro e anunciai o evangelho a toda criatura!. Se por um lado estamos com Ele na glória, por outro lado estamos na história da qual é o condutor, pois é o Senhor da História. Por mais que sejamos desconhecidos, Ele conduz o universo e nos deixou com a missão de, com Ele, colocar todos os seus inimigos debaixo de seus pés. O inimigo é toda espécie de mal. O anúncio do Evangelho retirará do mundo o poder do mal e o conduzirá a criar, já aqui na terra, um novo céu e uma nova terra, com dores, mas com a esperança da glória.
A Ascensão de Jesus não marca um fim ou uma virada de página. Ele continua vivo e presente, pois estamos unidos a Ele. Ele é a cabeça que atrai o seu corpo para o Pai, vivificando-o por meio de seu Espírito. A Ascensão coloca-o no centro de nossa vida e de nossa história. Jesus é o Senhor de todas as coisas, é a pedra angular que fora rejeitada pelos construtores. Ele é elevado até junto do Pai, com o qual se torna na sua humanidade vivificante, fonte do rio da vida.
Na Ascensão, Cristo não desaparece, mas, pelo contrário, começa a mostrar-se e a vir. Por isso os Anjos dizem: Ele vai voltar do mesmo modo como vistes partir para o Céu. Ele está sempre vindo. Ele levou os cativos, que somos nós, para o mundo novo da sua Ressurreição, e derrama sobre os homens os seus dons, o seu Espírito. Sua Ascensão é um movimento progressivo. Sua ascensão é para que cheguemos ao estado de homem perfeito, à medida de Cristo na sua plenitude. O movimento da Ascensão só ficará completo quando todos os membros do seu corpo estiverem sido atraídos para o Pai e vivificados pelo Espírito. Ela é a energia pascal do Cristo que enche o universo. A liturgia é o momento de sua vinda. Nos encontramos tudo isso na liturgia que é feita em união com a liturgia celeste. Ele é sumo-sacerdote que continua a presidir no templo da glória. Em Jesus há uma volta ao Pai em cada liturgia celebrada. Celebramos a alegria do Pai ao ver o regresso do Filho amado da parábola. Ele não volta só, mas volta na carne, trazendo os filhos de adoção. Eis-me aqui com os filhos que Deus me deu. Cada filho tem a face do Filho amado. O Pai se faz acolhimento de todos os filhos. Partilhamos da liturgia eterna.
Já estamos com um pé no Céu. Somos um só Corpo com Jesus, por isso temos uma parte nossa no Céu. Ele, ao deixar o mundo, no dia da Ascensão, não subiu aos céus para afastar-se de nossa humildade, mas para dar-nos a certeza de que nos conduzirá à gloria da imortalidade.
Meu irmão minha irmã. Escute o que dizem os dois Anjos aos discípulos: Por que olham para o alto? Agora é a vez de fazer o que Ele fazia. É a hora de nossa missão. Não estamos sozinhos. Temos o Espírito Santo. Por isso, lança-te à missão e vai anunciar que já a nossa natureza já está lá no Céu com Cristo nosso irmão, esforcemo-nos para ir a conquistando a cada dia que passa.
Fonte: Canção Nova
Ser discípulo é testemunhar o amor do Pai
O Evangelho de Marcos, em sua redação original, encerrava-se no versículo 8 do capítulo 16, com o encontro do túmulo vazio pelas mulheres. Os versículos 9 a 20, que o concluem, são um acréscimo tardio. A Igreja já estruturada teria julgado inconveniente a falta de narrativas das aparições do ressuscitado neste Evangelho. Foram, então, acrescentadas três narrativas, resumos das narrativas de aparições dos outros Evangelhos. A fala atribuída a Jesus, após as três aparições (v. 16), é no sentido de afirmar o poder excludente da Igreja, na qual a profissão de fé seguida do batismo já estava consagrada como caminho único e absoluto da salvação. Também ficam afirmados poderes excepcionais conferidos ao crente, o que contraria a simplicidade da fé a ser vivida no dia-a-dia pelos comuns dos mortais. Hoje se compreende que a prática missionária não é condenatória nem marcada por ações espetaculares. A missão é o testemunho do amor misericordioso e o reconhecimento, a valorização e o cultivo dos
sinais de vida encontrados nos diversos povos e culturas. A subida aos céus está associada à narrativa de Lucas em seu Evangelho e mais desenvolvida nos Atos dos Apóstolos (primeira leitura). A exaltação do ressuscitado, retirado da terra e glorificado no céu (cf. segunda leitura), foi resultado da influência do messianismo escatológico davídico, presente nas mentes dos discípulos de origem judaica. Hoje, a fé na presença de Jesus vivo nas comunidades nos move ao alegre empenho em construir um mundo novo, solidário e fraterno, com união em torno do projeto de vida plena para todos, sem restrições.
Fonte: Paulinas online